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sábado, 15 de janeiro de 2011

A (nova) realidade do posicionamento vs percepções antigas

Os contextos de crise económica, tal como aquela que atravessamos de momento, têm virtudes que não devem ser desvirtuadas nem deixadas ao acaso. Um desses exemplos é a possibilidade que temos de redefinir conceitos, significando isto, mudanças no pensamento e na execução de tarefas, que podem ir das mais básicas às mais complexas, sejam na realidade pessoal ou no mundo profissional.
O posicionamento dos produtos e das marcas é uma realidade que tende a mudar. Não digo que o conceito em si se altere, mas que a forma como o executamos tenha novas abrangências e novas limitações, resultantes dos factores externos.
De forma muito concisa sabemos que posicionamento é a forma como a marca/produto quer ser vista, a sua identidade.
A percepção é a forma como o consumidor interpreta e vê determinada marca/produto.
Suponhamos um produto, sandálias de verão, que se posiciona e comunica com o público-alvo, dizendo que é o mais barato do mercado, no entanto aquilo que leva o cliente a tornar-se seu consumidor é a sua comodidade e descontracção. Temos um desfasamento que deve ser corrigido pelo lado da empresa. Não importa o que a empresa pensa do seu produto, mas sim o que o cliente diz desse produto.

Durante as duas últimas décadas apareceram inúmeras marcas no mercado, na generalidade dos produtos, que se tentavam posicionar através do preço.  Apresentavam grandes benefícios na relação qualidade/preço. A maioria destas apostas centrou-se na classe média, dando-lhe a possibilidade de aceder a alguns produtos que estavam "destinados" à classe alta, a um preço que que os consumidores da classe média estavam dispostos a pagar. Um sucesso.
A problemática que exponho, verifica-se quando existe uma mutação do mercado, inerente ao ambiente económico, essencialmente, quando este é desfavorável, tal como experimentamos no momento actual. A classe média modificou na sua essência e em quantidade. O número de consumidores situados na classe média diminuiu e vai continuar a diminuir. A essência altera, porque aqueles que se mantém na classe média, não estão imunes ao que os rodeia, diminuindo os valores que até então estavam dispostos a pagar por determinados produtos, ou porque simplesmente "acordam" para uma nova realidade, visualizando aqueles produtos desejados, como exclusivos para uma classe superior. É aqui que se vai jogar algum mercado.
Algumas empresas têm que redefinir posicionamentos, para não correrem o risco de perder quota de mercado. Antes, porém, convém analisar efectivamente e com astúcias as percepções que vagueiam pelo mercado.

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